segunda-feira, 17 de setembro de 2012

APAGA - APAGA - Almada

[vai fechar a Casa de Verão - este «Peri» - antes do próximo «apagar» - relembra-se, para eventuais recém-chegados, o Recorte Inicial do Mote destas «brincadeiras»]


APAGA APAGA

 apaga  apaga

                                                           risca  risca

                                                           não  houve

                                                           nega  nega

                                                 quando for eu digo

                                                 não te percas de vista

                                    há uma cor que não vem nas cores

                           necessito de multidões para me encontrar

                                               sozinho sou multidões

[...]
 
José de Almada Negreiros (1893 - 1970)

 [transcrito da edição Obras completas, IN / CM, Vol. I – Poesia, 1985]

domingo, 16 de setembro de 2012

Amanhã

[o estranho e frio nevoeiro durou pouco mais de duas horas]

1130
Roma. Para marcar o «arranque», o livro de M. do R. P.
Ao lado, Rocha ou Cachadinha? [perguntar à A.] E que idade terá?

No regresso dessa «gentileza a si mesmo infligida», T. passou pela Grande Mole do Paraíso 1213. Amodorrado, como o sol e o Bairro, parecia um Arrabalde.

Amanhã estará repleto de Gralhas. Vêm por três anos. E só com grande esforço dos(as) próprios(as) ficarão mais tempo.

Do «lado de cá», T. começa a ser dos «mais Antigos» [...]

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

MAPA DO DIA

09:30
M. J. R.: [didascália: furibunda, andando e invectivando]
«Andam a tirar os riscos do mármore dos parapeitos das janelas (provocados pelos vasos de flores) - mas que Empreitada mais... [omite-se o resto, claro]

10: 15
Hora de Espera dos «Neo-nascidos» do Paraíso 1213.

S. M., Qd.a deste ano, lê O estrangeiro, de Camus, numa das pontas da Ilha-Semáforo. Houve logo «sessão antecipada». Mas fraca, do lado de T.

11:25
SEC. Qd.a de Corredor diz para T.:
«Até chorei, quando soube que não ia ser sua (...) finalmente»
[está ganho o Ano, para T.]

15:20
TECNE «emaila» com a notícia da sua Saída da Nave dos Loucos.
Aleluia

 

domingo, 9 de setembro de 2012

Ana Hatherly

11
Estava eu muito sossegada a ver o meu programa de televisão quando de súbito compreendi que a missão do espírito criador é a mais transcendente porque um dia o espírito criador deixará de ser necessário. É daí que decorre a importância da arte a sua inutilidade. O meu porco Rosalina partilha comigo esta opinião. Todas as sextas-feiras vai ao cabeleireiro fazer uma mise.
Ana Hatherly, 463 tisanas. Lisboa, Quimera, 2006, p. 22

O professor substituto (de História) + o Filho do Jardineiro

Recorte inicial do conto, inserido em  A palavra do mudo:

   À tardinha, quando Matias e a mulher bebericavam um chá envolvido em melancolia, queixando-se da miséria da classe média, da necessidade de terem de andar sempre com a roupa imaculada, do preço dos transportes, do aumento dos impostos, enfim, daquilo que os casais pobres falam à hora do crepúsculo, ouviram umas pancadas estrepitosas à porta e, quando foram abrir, irrompeu o doutor Valencia, de bengala na mão, num sufoco de colarinho apertado.
   - Meu querido Matias! Venho dar-te uma grande notícia! A partir de agora vais ser professor. Não digas já que não... tem calma! Como tenho de me ausentar do país por alguns meses, decidi confiar-te as minhas aulas de História. Não é um grande emprego e o vencimento não é extraordinário, mas é uma ocasião esplêndida para te iniciares no ensino. Com o passar do tempo, poderás conseguir um horário mais alargado, abrir-se-ão as portas de outras escolas, quem sabe se não consegues chegar à universidade... Isso depende de ti. Sempre tive uma grande confiança nas tuas capacidades. É injusto que um homem com os teus atributos, um homem culto, que fez estudos superiores, tenha de ganhar a vida como cobrador... Não senhor, não está certo, sou o primeiro a reconhecer. O teu lugar é a ensinar. Nem penses duas vezes. Posso ligar neste preciso momento ao director e dizer-lhe que já encontrei um substituto. Não há tempo a perder, está um táxi à minha espera... Dá-me um abraço, Matias, diz lá se não sou teu amigo!
     Antes que Matias tivesse tempo de emitir a sua opinião, o doutor Valencia já ligara para o colégio, falara com o director, abraçara o amigo pela quarta vez e partira como de de uma aparição se tratasse, sem squer tirar o chapéu.
    Durante alguns minutos, Matias fiicou pensativo, afagando a bela calva que fazia a delícia das crianças e o terror das donas de casa. [...]

«O professor substituto», in A palavra do mudo (1965), Julio Ramón Ribeyro (1929-1994), 2012, Porto, Edições Ahab, pp. 73-74

[em 1213, este livro foi oferecido ao pró-ILUST, filho do sr. Jardineiro**; é aquele que, 5 , 6 anos depois, continua a ter o AUTORET. na Fachada; mas «conspurcado», como é Marca da Casa...]; 
 - ainda mais conspurcado, em 1819; à beira do Verão, ainda não começaram as SEMPRE reprometidas obras de Finalização...

** - quase uma década depois, o «Filho do Jardineiro» mora AQUI

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O homem - Amadeu Baptista

[Acelerar as Leituras é o Caminho para alterar a falta de ritmo das semanas anteriores]

O homem é, antes de mais, criança.
Tem olhos para ver e sabe ouvir
tudo o que se agiganta sobre as casas,
a chama da candeia sobre a mesa e as sombras

que iluminam a cal da sua enxerga vertical.
Com dois paus repercute o horizonte
que o chama, sendo que é certo que observa tudo
com predestinada invenção, a cama diminuta

em que se deita, o prato de alumínio de que recolhe
uma fracção de pão, o resplendor de uma camisa
que rescende a lavado, as árvores da ribeira,

além de uma miríade de segredos que invectivam
a que seja veloz a aprendizagem e lenta
a descoberta

Amadeu Baptista

(in Atlas das Circunsdtâcias. Póvoa de Santo Adrião, Lua de Marfim, 2012)

[Respigado do Blogue do Autor]

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Lançamento

Muito quente, o «Lançamento» do Dardo 1213. Demasiado.

Afinal, no 1213, também há jovens contratadas com «Micro-pontas».

Com essas «devaneou» T. (ex-G)
- nome «pesado», desta vez.

 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MAPA DA TARDE

[ZMAB;
de manhã, na ESP da neta Carmen, reencontro com P. M. H., que, em tempos, esteve na AA, em HA]  
 
[ao final da tarde, a habitual «inspecção» ao Chão de General Z;
muito pó, como sempre; melhor, sobretudo a atitude da General]

antes, dois reencontros AA:
 
- Em S. TEOT, aproximou-se  R.P. (talvez, 1.º Bloco de 97-98, «impulsivo Menino», então, «na casa dos 30» agora, calvície em progresso -  ARQU, disse «que a mãe é de S. M. das AMOR, que tem uma Loja de Artigos dos 50, à sociedade com (...) em Lisboa, que vai fazendo umas coisas em ARQ»;
Pois
 
- Em ODEM, com Mestre C. S., irredutível Gaulês de GD, em Estágio em V. N. de M. - que gritou do outro lado da rua e «fez o seu humor habitual»

Fumadores (só para) - Jullio Ramón Ribeyro

Recorte do conto inicial de A palavra do mudo:

         Os escritores, por regra, são grandes fumadores. Mas é curioso que não tenham escrito livros sobre o vício do cigarro, como escreveram sobre o jogo, a droga ou o álcool. Onde estão o Dostoieski, o De Quincey ou o Malcom Lowry do cigarro? A primeira referência literária ao tabaco que conheço data do séc. XVII e encontra-se no Don Juan de Moliére. A obra arranca com a frase: «Diga o que disser  Aristóteles e toda a filosofia, não há nada que se compare ao tabaco...Quem vive sem tabaco não merece viver.»Desconheço se Molière era fumador - se bem que naquela época o tabaco era aspirado pelo nariz ou mascado -, mas esta frase sempre me pareceu pioneira e profunda, digna de ser tomada como divisa pelos fumadores. Os grandes romancistas do século XIX - Balzac, Dickens, Tolstoi - ignoraram por completo a questão do tabagismo, e nenhuma das suas centenas de personagens, tanto quanto me lembro, teve alguma coisa a ver com o cigarro. Para encontrar referências literárias a este vício é preciso avançar até ao século XX. Na Montanha Mágica, Thomas Man põe estas palavras nos lábios do seu herói, Hans Castorp: «Não percebo como se pode viver sem fumar... Quando acordo, fico feliz por saber que poderei fumar durante o dia, e quando estou a comer tenho o mesmo pensamento. Sim, posso dizer que me alimento para poder fumar... Um dia sem tabaco seria o cúmulo do aborrecimento. Seria para mim um dia absolutamente vazio e insípido. e se pela manhã tivesse de dizer a mim mesmo que hoje não fumo, julgo que não teria coragem de me levantar.» [...]
 
«Só para fumadores», in A palavra do mudo (1965), Julio Ramón Ribeyro, 2012, Porto,  Edições Ahab, p. 18

 

MAPA DOS DIAS

ZMAB
14.º Dia.
Escorrem os dias, sempre iguais, logo Tranquilos; E  General Z. voltou a gostar da Aldeia

Quanto a G., começa a sentir a falta do Circuito Roma - Chiado, ou seja, B. + B. - FNC; não há Novidades, mas há o Cheiro e os Dedos (e o uso desses espaços como Biblioteca );
 
 - definitivamente declarada  a incompatibilidade entre (a leitura da) Recherche e a Areia-Mar, voltou-se para uma das duas únicas alternativas vindas  na Mala: A palavra do mudo contos do peruano Julio Ramón Ribeyro

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A IMAGEM = único elemento essencial («Recherche»)

[...]
       E não era também o meu pensamento como que outro presépio, ao fundo do qual sentia que permanecia enterrado, mesmo para olhar o que se passava lá fora? Quando via um objecto exterior, a consciência de que o via ficava entre mim e ele, bordejava-o de uma estreita orla espiritual que me impedia de tocar alguma vez directamente na sua matéria; [...] Na espécie de barreira matizada de estados diferentes que, enquanto lia, a minha consciência ia erguendo em simultâneo, e que iam das aspirações mais profundamente ocultas dentro de mim mesmo  até à visão toda exterior do horizonte que, no extremo do jardim, tinha diante dos meus olhos, o que em primeiro lugar havia em mim de mais íntimo, o punho em constante movimento que governava o resto, era a minha crença na riqueza filosófica, na beleza do livro que lia, e o meu desejo de tomar posse delas, fosse qual fosse o livro. [...]
       Depois dessa crença central que, durante a minha leitura, executava incessantes movimentos de dentro para fora, para a descoberta da verdade, vinham as emoções que me eram dadas pela acção em que tomava parte, poque aquelas tardes eram mais cheias de acontecimentos dramáticos do que muitas vezes uma vida inteira. Eram os acontecimentos que surgiam no livro que estava a ler; é verdade que as personagens por eles afectadas não eram «reais», como dizia a Françoise. Mas todos os sentimentos que a alegria ou o infortúnio de uma personagem real nos fazem experimentar só acontecem em nós por meio de uma imagem dessa alegria ou desse infortúnio; o engenho do primeiro romancista consistiu em compreender que no aparelho das nossas emoções, como a imagem é o único elemento essencial,

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

MAR-CHUVA + Bréchon+Pessoa

[«Mar-chuva», afinal, já não «levanta» hoje - TV Pimba e Volta]

- na p. 26 do Público de hoje, Eduardo Lourenço homenageia Robert Bréchon, falecido a 3 de Agosto

- G. relembra que General Z. (quando ainda lia) «teimava» - com a sua Lógica geralmente isenta de lógica - que Estranho Estrangeiro (França, Abril de 96; Dezembro, em tradução de Pedro Tamen) fora escrita por «mão feminina» - e que não foi fácil levá-la a admitir que não...

- voltar a esta »Biografia» de Pessoa, sempre, sobretudo agora, quando um Disparate oriundo do Brasil «teve honras mediáticas» e outras...

Um RECORTE do texto de E. L.:

[...] A sua magistral revisitação do itinerário de Pessoa recicla todos os mais conhecidos retratos do autor do nosso poeta, a começar pelo do seu primeiro biógrafo, João Gaspar Simões, a quem presta, sem necessidade de o reabilitar, uma sentida e justa homenagem. Tanto mais justa quanto vem de alguém que cedo percebeu que na ausência de vida real, no sentido óbvio, a sua existência ilustrada às avessas por Pessoa era de essência e conteúdo incontornavelmente poético e só dessa original e radical osmose vive e se alimenta. A vida real de Pessoa era autobiografia real e imaginária ao mesmo tempo, e só o seu texto, interrogado ou aceite como essência e alma da sua vida, podia dar dela o espelho que a reflecte ou ela mesmo é. [...]

[sublinhados acrescentados]

MAPA DA MANHÃ

[Zmab - tradicional chuvinha de Agosto;
- famílias «ainda branquinhas», o chamado «2.º Turno», que divide «alugueres» e crianças, para trás e para a frente, no mínimo, «inconformados»]

- há pouco, G. «sinalizou» a Padaria a um senhor, baixo e calvo
- passando pela «garrafaria» na berma, comentou que «onde trabalhava era pior» - Bairro Alto, pois
- a seguir,  a curta conversa derivou para a Bica, «Vai-Tu»...
- sempre a Geografia da Infância - neste caso a «220 casuais»

- no Estaminé de L. - agora «embevecido» com a netinha, «Carmen»
 - há pouco entrou L. S., só
 - Mestre «histórica» da AA - em tempos, da «verdadeira Sobrinha» - que há décadas para aqui vem
 - acabada de chegar, no Expresso, vai, como sempre, «para o Monte» - mas, antes, diz que «precisava de uma Tosta Mista» - lá foi

sábado, 11 de agosto de 2012

Corre à Janela

21:00 [Zmab]

Daquela Varanda, disse G. para General Z.:

«É o mais perto de estar no Monte sem estar.»

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

«Memorial» - «O Homem há-de voar um dia»

Miguel Real fala «do Livro da (sua)  Vida» -
MEMORIAL DO CONVENTO - em vídeo da série «Ler mais ler melhor»:

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

terça-feira, 31 de julho de 2012

MAPA DE ONTEM

Ontem à tarde, no Novo Palácio de Verão.

Típica «metralhadora falante», diz a Dona I. - patroa e Mestre da equipa que montava os CORT. - , a dado passo:

«Fiquei sem os vitrais dos pulmões.»

Well.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

PRAIA (Mulheres na) - Armando Silva Carvalho

[chega o Verão; todos os anos a mesma história: arrumar o ESC.
vá lá vai; mês e meio depois, continua «tudo ao monte»]

- no topo de um,  o recente livro de A. S. C.
 - (ver o artigo de J. M. S. no «Actual» e no seu blogue «Biblio de papel»)

- G. ainda não chegou aos poemas da segunda parte («42 canções entre duas portas») - há tempo e Espera(s)
- mais um dos poemas da primeira («os que fazem o amor»), relida devagar

MULHERES NA PRAIA

Que planturosas são as mulheres na praia,
visões impressionistas, ao vivo, e em cores tão delicadas,
tão sábias no lento movimento
dos seus dedos,
no maternal prazer estendido sobre a toalha 
de sombras.

Todo o sumo dos lábios profundamente oculto
dos olhares 
traz a quem julga ver imagens
frágeis, descartáveis
a solidez duma prática de vida entrançada
em sonhos que resistem. 

São elas que persistem,
com essa cal secreta e a minúcia do amor,
em inventar crianças verosímeis,
anjos tecidos na espuma,
e assim vencem o sol, o masculino ardor
no declonar da tarde,
embevecidas.

Armando Silva Carvalho, De Amore. 2012, Lisboa, Assírio & Alvim, p. 15

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Madre de Deus

10:30

- O pretexto da ida à Madre de Deus foi o de ver as «revisitações» de «Cerâmicos AA» a padrões do séc. XVII - estavam espalhadas em redor de um dos claustros - entre elas, as de alguns Qd.s do ano passado - F. T., por exemplo

- as Imagens, desta vez, «não estavam apagadas», apesar de  - «feitas as contas» - ter sido há cerca de 40 anos que o então Menino D. estivera naquela preciosa Nave Dourada
- João Afonso, de «Histórico-Filosóficas - bom Mestre, apesar das dificuldades em «lidar» com o «Manto Hormonal» do Quadrado - , aí levara o bloco de Ciências - só rapazes, nessa época... pois

-e mora perto, G.....

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Parrado + Eli


[poema do Luís Filipe e foto da Eli -tremenda ligação]

O TEMPO QUE FAZ

Os velhos sentam-se neste banco
a avaliar o tempo que faz encostados a uma empena
escuro, mais antiga do que eles. Também eu,
escondido na sombra, deixei para trás
a luz das dunas. A visão pinta com cores cegas
o lugar onde a alegria se desfez, uma história
de águas perdidas no coração da terra.
O fim de um amor é como um sonho.
Ainda hoje o fumo dos cigarros me sabe
melhor pelo sopro da manhã
depois de um sono sereno. As limalhas radiantes
no túnel mostram como se cai no limbo negro do horizonte,
no rio espesso após o crepúsculo.
Sim, soube tarde de mais o que podia dizer
da minha vida, com a boca fechada por correntes
e trapos estava simplesmente morto.
Como os velhos que continuam sentados neste banco
acordo a tempo de comprar algum pão
e varrer do passado o teu rosto, uma promessa estilhaçada,
um grão de juventude que me guia com uma pequena luz
que só no vento destas palavras se mantém.

Luís Filipe Parrado,  Entre a Carne e o Osso, Língua Morta, 2012, pp. 57-58

segunda-feira, 2 de julho de 2012

DE AMORE - Armando Silva Carvalho

G. precisava de uma «pequenina compensação»

- derivou, ao encontro, como sempre, de um livro.
Encontrou.
Quando, de tempos a tempos, sai um deste nível, faz-se sempre justiça ao (anti)tópico: «afinal, ainda não estava tudo escrito sobre o A.»

Um, ao acaso escolhido (a inserir na «Inesiana»)

AINDA A RAINHA DEPOIS DE MORTA

Arranca corações, esse punho cruel
que vem fustigando a história
dos amantes e chega até aos púlpitos, tronos,
e matérias de arte.

Na pedra burilada, os anjos muito agudos
pecam por desvelo.
Nas naves ressoa o bramar enrolado em raiva
da realeza sepulta:
eu amei-a viva, vocês venerem-na morta.

Foi um punho cruel.
Talvez houvesse um sexo absoluto em tanto movimento
de ouro, brocado,
soluços ébrios de temor ou de outra natureza
mais embevecida.

A história nete caso é sedutora:
traz o poder ao sol duns seios, à luz duma vagina,
abre a flor dos sentidos, desfeita
a golpes de espada,
de traição.

Aqui neste frio erguido ao redor das naves
a matéria humana
que percorre viva a tarde histórica
tem pressa de fugir
ao pesadelo:
o amor não mata, ninguém o assassina,
é ele e só ele que se expõe
já morto.

Armando Silva Carvalho, De Amore. 2012, Lisboa, assírio & Alvim, pp. 37-38

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Asas, I

....as de F. S., para o poema de José Jorge Letria

[ a Qd.a chamou-lhe «um Tríptico», justificando a um bom nível]

domingo, 10 de junho de 2012

Ler e escrever - frase lapidar

Foi na sexta, numa das «malabaristas» sessões de Quadrado Final.

G. já não se lembra do que originou a Frase, mas desta não se esquecerá tão cedo. - até porque a irá repetir em adequadas ocasiões futuras.

[olhando com convicção para G.]:

«Eles não sabem ler nem escrever mas sabem fazer outras coisas»

Brilhante.


[consta que Saramago dizia que «quem não sabe ler nada sabe fazer»]

sábado, 9 de junho de 2012

Dinamarca - Holanda [Silêncio, Inês Lourenço]

18:40
[Em fundo, Holanda perde com a Dinamarca - ]

SILÊNCIO

Falas muito
de silêncio, nos
teus livros, como
alguém que jejua
entregue a lautos
banquetes. É essa
a contradição do poema. Nasce
para a mudez, mas
como a música, respira
por sons.

Inês Lourenço. Câmara Escura - uma antologia. (selecção de Manuel de Freitas). Língua Morta, 2012, p. 34

[de A disfunção lírica, 2007]

quinta-feira, 7 de junho de 2012

OBRAS

- Reaberta a Casa de Verão.

- Passou (mais) um ano - afinal, o Palácio (ainda) não está acabado - haja esperança

- Vão sair os da «Gloriosa Gesta Contentorial».
- Outra Multidão virá.
- O Agricultor estará no seu Campo: o «Quadrado »)

MAPA DE ONTEM

[tarde passada no Quadrado DDTS]

[não sabe G. porquê, a dado momento, as chamadas começaram a chegar diretamente do exterior]

Uma delas:
[voz «burgessa», em princípio]:
- Olhe, a E. tem Cursos?

[...pausa.... para imaginar «Res+posta Adequada»:  «sim, tem cursos, Rosas, batatas, sapatos e tudo»]

[controlado]
- Tem, sim, senhora, está tudo na página da E. Também pode vir cá [...]
[tudo com Delicadeza, claro]

Aleluia
[ficou G. a rezar, aspirando: «que não me saia Esta no Futuro»]